Evento de aquecimento para a 5ª edição do Global Summit APM foi realizado na sede do Google Brasil, em São Paulo
O conceito de Saúde Digital está atrelado à transformação cultural de como as tecnologias disruptivas que fornecem dados digitais são acessíveis aos profissionais de Saúde e aos pacientes, possibilitando a tomada de decisão e a democratização do atendimento.
A explicação é de Priscila Cruzzati, Healthcare and Life Science Industry Specialist – Google Cloud, que participou do warm up realizado pelo Global Summit Telemedicine & Digital Health APM, em 29 de agosto, na sede do Google Brasil, que debateu a “Saúde Digital no Brasil: o Caminho das Pedras”.
No evento de aquecimento à 5ª edição do evento, que será promovida pela Associação Paulista de Medicina (APM), de 20 a 22 de novembro, no Centro de Convenções Frei Caneca, na capital paulista, Priscila contou que a estratégia do Google é bem definida quando o assunto é Saúde Digital: promover um ambiente acessível, útil e seguro para que as informações do paciente cheguem aos profissionais de Saúde para a tomada segura de decisões.
“O Google tem como missão organizar todas as informações do mundo e torná-las úteis e acessíveis. Quando falamos em Google Cloud, por exemplo, é a transformação na Saúde, a forma que podemos repensá-la, por meio da inovação de dados, Saúde baseada em evidências e como vamos gerar novos indicadores para perguntas que ainda não têm resposta”, destacou a especialista.
Inovação, aliás, é a imagem do Google. Em relação à área da Saúde, segundo Priscila, a companhia tem uma abordagem completamente voltada ao indivíduo que, de forma ampla, analisa os seus diferentes costumes e hábitos, olhando para toda a sua jornada de vida.
“Quando falamos em Saúde, temos que trazer não apenas as soluções, mas também as dores. É preciso ter uma base e olhar para o problema de maneira bem estruturada. Vamos pensar na construção do futuro e, como o Google não é só uma empresa de tecnologia, o conhecimento e a forma que foram feitas as mudança de paradigma em outras indústrias também colaboram muito nos projetos dos nossos clientes”, pontuou Priscila.
Atenção básica
Para Marcelo Fanganiello, CEO da GetConnect, o modelo atual do Sistema Único de Saúde (SUS) tem uma problemática que abrange todos os municípios brasileiros, que diz respeito à atenção básica – que deveria ser melhor resolvida –, relembrando que é nela que a grande maioria dos casos são resolvidos e, quando não há solução, são levados para a regulação.
A utilização de tecnologia e, principalmente, a gestão da Saúde Digital, quando bem estruturadas, tornam o processo muito mais resolutivo e qualitativo. Para isso, segundo Fanganiello, é preciso colocar em prática o conceito de pré-regulação em Saúde. Mas, como isso funciona?
Por meio da adoção de tecnologia, usando uma plataforma de gestão em Saúde integral e a junção de um serviço de Saúde estruturado e preparado para isso, de forma remota, posicionado estrategicamente entre a atenção básica e a especializada. Desta forma, é possível otimizar cerca de 80% das demandas que entram, ou seja, elas são resolvidas dentro desse ecossistema, diminuindo de forma exponencial a ascensão do caso para a regulação.
“É uma mistura de tecnologia, pessoas e processos bem-feitos. Ao colocarmos um processo digital quando temos um problema na atenção básica, isso dá atenção ao paciente e é possível resolver uma série de problemas do SUS”, garante o executivo.
Porém, é preciso saber lidar com os principais desafios e trazer soluções para a digitalização do SUS.
“A primeira coisa é juntar quem é quem, e a outra parte é o repositório único de dados, porque pode haver vários sistemas diferentes em um município. Precisamos empoderar o paciente e fornecer dados para ele. Além disso, são necessárias ferramentas para o profissional de Saúde fazer a Saúde Digital. Esses são os principais pilares”, explicou Fanganiello.
Maturidade digital
Com foco em Inteligência Artificial e as diferentes formas em que é possível inseri-la no sistema, Claudio Giulliano Alves da Costa, CEO da Folks, destacou que a sua empresa tem se dedicado em conseguir concretizar o caminho das pedras e em construir métodos para fazer a transformação em uma jornada que alcance o paciente, o profissional, a instituição e os municípios. Para o especialista, a ideia principal é mostrar como avaliar a maturidade digital de instituições de Saúde, analisar onde se está, para, então, determinar quais serão os próximos passos.
“Não é que a inteligência artificial (IA) vai substituir o profissional de Saúde, mas, certamente, aqueles que a utilizarem irão superar os que não a usam. Nós que trabalhamos na área da Saúde temos que usar a IA de maneira ética e responsável, buscando não gerar novos danos”, destacou Costa, ressaltando que tem usado a IA generativa – sistema capaz de gerar texto, imagens ou outras informações em resposta a solicitações em linguagem comum – para pensar.
“Eu faço e peço ajuda para aperfeiçoar o que fiz. Passando para indicadores, é ideal que se tenha uma ferramenta para avaliação, pois ajuda, no fim, a criar um plano de transformação”, salientou o CEO.
Costa exemplificou que a Folks desenvolveu um método de avaliação chamado “Índice de Maturidade Digital para a Saúde”, no intuito de analisar hospitais e Telemedicina. Com isso, foi possível identificar que a maturação digital dos hospitais brasileiros é de 44%.
“Nós precisamos saber onde estamos, para saber para onde vamos. Tem outros países que avançaram um pouco mais nisso, mas no Brasil também teremos avanços para chegar em um nível mais confortável e ter uma Saúde muito melhor. Saúde Digital é benéfico, existem vários estudos mostrando isso e a gente tem que investir fortemente para poder fazer a transformação”, afirmou o executivo.
Jornada do paciente
Finalizando o evento, Edgar Gil Rizzatti, diretor-executivo médico do Grupo Fleury, salientou a importância da integração da jornada do paciente, tornando-a mais assertiva e pertinente.
“Muitos países vieram ver como a gente faz essa integração para abrir unidades parecidas, isso acabou se disseminando aqui, no Brasil, mas não é um modelo comum ao redor do mundo. Dentro da integração em Medicina Diagnóstica, por exemplo, começamos a trabalhar um conceito de oferecer tudo o que um paciente com uma determinada condição clínica precisa”, explicou.
Para a integração dar certo e ser uma experiência positiva, Rizzatti informou ser necessária que a sua realização seja feita de forma completamente analógica.
“É preciso, para fazer a integração, ter alguns rituais, como reuniões multidisciplinares semanais, discussões de caso em que aprendemos a melhorar a qualidade, ver o quanto de coisas são redundantes ou desnecessárias. Com este aprendizado, vimos que a integração constrói valor para o paciente, para o médico e para o sistema de Saúde”, concluiu Rizzatti.
A moderação do warm up foi do presidente do Global Summit APM, Jefferson Gomes Fernandes, e do copresidente e diretor de Tecnologia de Informação da APM, Antonio Carlos Endrigo.