Prática da Telemedicina tem melhorado o acesso à assistência oftalmológica no país

Especialista explica que o uso de novas tecnologias contribui significativamente para a qualidade do atendimento e dos diagnósticos oftalmológicos

O uso de Telemedicina na Oftalmologia vem trazendo benefícios em várias etapas da assistência médica, desde o diagnóstico, tratamento e até a qualificação dos profissionais de Saúde.

Suas aplicações têm tornado o atendimento mais ágil, acessível e seguro, como durante o período da pandemia de Covid-19.

Mas, como é feito o uso da Telemedicina na Oftalmologia?

Pietro Baptista de Azevedo – professor de Medicina na Universidade FEEVALE (Novo Hamburgo-RS), que atua como oftalmologista nas áreas clínica e cirúrgica e foi consultor no programa TeleOftalmo do Telessaúde-RS, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – explica que atualmente existem várias atividades na Oftalmologia possíveis de serem feitas a distância: uma consulta completa e a maioria dos exames complementares oftalmológicos são passíveis de serem realizados remotamente. Além disso, a avaliação de exames complementares pode ser realizada sem um novo deslocamento do paciente, pois os resultados são todos digitais, assim como a orientação de paciente por videochamadas.

“Há também a discussão de casos entre médicos oftalmologistas, ou entre o oftalmologista e outras áreas da Medicina e outros profissionais de Saúde que, muitas vezes, é realizada por meios digitais. Isso é teleinterconsulta – uma modalidade da Telemedicina”, explica Azevedo.

Quanto à consulta oftalmológica virtual, a anamnese, o exame da refração (medida do grau para a prescrição dos óculos), a biomicroscopia (que seria o equivalente ao exame físico do olho), a fundoscopia (exame do fundo do olho) e a tonometria (medida da pressão dentro dos olhos) – bases de qualquer consulta oftalmológica –, todas são possíveis através da Teleoftalmologia, com técnicos treinados para realizar os exames e orientar os pacientes nos aparelhos de forma presencial.

E não para por aí. O especialista ainda lembra que rastreios e triagens de doenças específicas são mais fáceis quando realizados a distância, e podem ser ainda melhores com a associação com a inteligência artificial.

“Claro que há algumas limitações pontuais, mas, de forma geral, a Teleoftalmologia pode ser realizada com sucesso”, destaca Azevedo.

Melhor assistência

A Telessaúde e a Telemedicina têm se mostrado ferramentas valiosas para melhorar o acesso à assistência oftalmológica de qualidade em todo o País, com profissionais qualificados mesmo para pessoas que moram em locais mais longínquos.

Desde a mais simples triagem para baixa acuidade visual e doenças retinianas, que necessitam de poucos equipamentos e avaliam quais casos são prioritários, a Teleoftalmologia é útil ainda para pacientes que necessitam de acompanhamento regular para condições oftalmológicas crônicas (como glaucoma, degeneração macular e retinopatia diabética), pois é uma forma segura de manter contato regular com os médicos.

O especialista ressalta que a relação médico-paciente é imprescindível como valor também na forma remota do atendimento. Para tanto, existem pontos que devem ser reforçados quando a consulta é a distância: empatia, pois é importante manter a conexão humana com os pacientes; acompanhar o progresso do paciente e sua doença; estar disponível para ajudar e responder a quaisquer perguntas ou preocupações que possam surgir após a consulta; e ouvir atentamente, fazendo com que o paciente sinta que está sendo ouvido e compreendido.

Além disso, Azevedo aponta ser fundamental um bom equipamento, especialmente os de comunicação com o paciente, para garantir que o médico possa ver e ouvi-lo claramente; ter uma conexão antes da consulta propriamente dita (um e-mail ou mensagem com instruções claras sobre como se conectar), o que ajudará a reduzir a ansiedade e colaborar para que tudo ocorra bem durante o atendimento; e garantir que as consultas de Telemedicina sejam realizadas em um ambiente privado e seguro.

Novas tecnologias

A Oftalmologia já deu vários exemplos de ser vanguarda quando se trata de absorver novas tecnologias no passado. Foi uma das primeiras especialidades médicas a utilizar laser e a realizar cirurgias minimamente invasivas e está caminhando rapidamente em direção à integração da Saúde Digital em todas as fases do atendimento, desde o diagnóstico até o tratamento e o acompanhamento do paciente.

Azevedo aponta que o uso de diversas novas ferramentas – como refrator digital e fotografia digital do fundo de olho e da porção anterior, que associada às redes de internet de alta velocidade, permite ver o olho quase como se estivesse de forma presencial – mostra para onde caminha a Oftalmologia.

“Outras tecnologias estão vindo com a intenção de dependermos menos dos técnicos que realizam os exames e fazer com que a Teleoftalmologia possa ser realizada de dentro da casa do paciente, o que hoje ainda não é uma realidade”, observa.

A evolução tecnológica também tem um impacto significativo na qualidade dos diagnósticos oftalmológicos, permitindo que os médicos oftalmologistas identifiquem e tratem doenças oculares com maior precisão e eficácia. Com a tomografia de coerência óptica (OCT), por exemplo, é possível obter imagens detalhadas das camadas da retina, permitindo uma análise mais precisa da saúde ocular do paciente.

“Exames remotos, dispositivos de monitoramento remoto e teleconsultas também contribuem para maior agilidade e eficiência no diagnóstico oftalmológico. Enfim, desta forma, há ganho de eficiência, de qualidade no atendimento e conforto ao paciente”, conclui Azevedo.

Muitas dessas novas soluções tecnológicas para a Oftalmologia estarão na 5ª edição do Global Summit Telemedicine & Digital Health APM, que será realizado, pela Associação Paulista de Medicina (APM), de 20 a 22 de novembro, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo. Acesse o site do evento e faça sua inscrição!

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