Saúde Digital Brasil apresenta projeto-piloto de painel de indicadores da Saúde Digital no Global Summit APM 2023

Iniciativa inédita traz uma perspectiva do cenário de utilização da Telessaúde no País

A Saúde Digital Brasil – Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e Saúde Digital (SDB) – apresentou em primeira mão no último dia da 5ª edição do Global Summit Telemedicine & Digital Health APM, realizado pela Associação Paulista de Medicina (APM) de 20 a 22 de novembro, o projeto-piloto do seu Painel de Indicadores. A iniciativa, inédita no Brasil, é um marco no setor, trazendo um cenário da utilização da Telessaúde no País, com base em dados exclusivos dos associados.

O objetivo do projeto é conhecer o perfil epidemiológico dos pacientes e os padrões de utilização e, ao mesmo tempo, garantir acurácia, transparência, qualidade e segurança dos dados conforme a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). 

“Não existem dados consolidados facilmente acessíveis no mundo. Portanto, esse painel ajudará a compreender melhor como a Saúde Digital está sendo realizada no Brasil”, ressaltou o presidente da SDB, Carlos Pedrotti. 

Coordenada pelo Grupo de Trabalho de Indicadores da entidade, a iniciativa é uma parceria com a Controllab e visa unificar a captação da informação de forma homogênea e transformá-la em conhecimento para a sociedade, gestores, profissionais da Saúde e a comunidade científica. Os associados terão acesso aos seus dados e às informações consolidadas de maneira anonimizada, viabilizando um benchmarking com os demais players do setor. 

Em um primeiro momento, a ideia é fornecer volumetria e mais inteligência de negócios. Futuramente, deve evoluir para um painel de gestão. Desta forma, já no piloto, o painel traz indicadores como volume total de atendimentos, por mês e por semana; por especialidades; por CID; por fonte pagadora; por porta de entrada; por região; por faixa etária; por sexo; além do tempo médio de atendimento e de espera.

Primeiros resultados

De acordo com Lucas Amâncio, vice-coordenador do GT de Indicadores da SDB e supervisor médico da Teladoc Health, nesta primeira fase, a coleta de informações teve como premissa a privacidade e a segurança de dados em total conformidade à LGPD. Participaram do processo seis empresas, que compartilharam os dados extraídos entre abril e junho deste ano. 

“O potencial do projeto é imenso, especialmente considerando que a entidade reúne atualmente os maiores players do País. Os resultados do piloto confirmam essa afirmação, evidenciando números impressionantes mesmo com uma amostragem modesta. Em três meses, com dados de apenas seis empresas participantes do piloto, ultrapassamos a marca de um milhão de atendimentos. O projeto terá um impacto significativo no setor e na sociedade brasileira, influenciando especialmente as discussões sobre políticas públicas de Saúde”, apontou Michele Alves, gerente-executiva da SDB.

Mesmo com uma amostragem inferior ao tamanho do setor, os números mostram a grande adesão e também a alta taxa de resolutividade da Telessaúde, que segundo os dados do piloto é de 95,7%. Foram mais de 1.250.620 de atendimentos, síncronos e assíncronos, 156.678 exames solicitados e 583.940 prescrições originadas a partir deles. Clínica Médica (71,65%) é a especialidade que atende mais pelos meios digitais, seguida por Pediatria (5,91%) e Ginecologia e Obstetrícia (4,57%). Com relação aos tipos de profissionais, 53,12% dos atendimentos foram realizados por médicos e 41,67% por psicólogos. 

“Essa iniciativa, apesar de embrionária neste momento, crescerá e nos ajudará a entender o cenário e a qualidade dos serviços prestados hoje no Brasil e na América Latina”, ressaltou Lídia Agia, coordenadora do GT de Indicadores da SDB, epidemiologista e consultora de analytics do Hospital Israelita Albert Einstein. 

Relevância do painel

Além da apresentação dos resultados obtidos até agora, especialistas uniram-se para discorrer sobre os números e também a importância do painel de indicadores para o setor da Saúde. O debate, moderado por Pedrotti, contou com a participação de Wilson Shcolnik, conselheiro da SDB e gerente corporativo de Relações Institucionais do Grupo Fleury; Guilherme Weigert, conselheiro da entidade e CEO e co-Founder da Conexa Saúde; e Caio Soares, vice-presidente da SDB e chief medical officer da Teladoc Health.

A consolidação de dados e o respectivo compartilhamento com a sociedade é, segundo Shcolnik, uma condição sine qua non para qualquer setor maduro. No caso da Saúde Digital, um segmento em amadurecimento, essa iniciativa é ainda mais importante, especialmente para dar luz ao potencial que tem para contribuir com o sistema de Saúde de forma geral. Afinal, trata-se de uma oportunidade de evidenciar indicadores que talvez não estejam recebendo a devida atenção dentro dos prestadores e, desta forma, melhorar práticas internas. 

“Apesar do longo caminho a percorrer, estamos falando de uma grande oportunidade para a Saúde Digital no Brasil. Acredito que essa plataforma pode e deve ser levada para conhecimento internacional, pois esses dados ainda são invisíveis ao mercado. Vejo um horizonte maravilhoso. Esse lançamento representa um marco dentro do crescimento da Saúde Digital no Brasil”, reforçou Shcolnik. 

Para Weigert, do ponto de vista prático, a criação do painel é uma oportunidade de contribuir para adoção e aprimoramento do modelo para que ele possa ser ainda mais acessível, eficiente e, principalmente, torne-se o objeto de desejo de todos os stakeholders

“Vivenciamos um sistema cheio de desafios, e na Saúde Digital é dar acesso com qualidade. E quando pensamos de quem deve partir essa adoção, é preciso que haja um mix. Não adianta o paciente gostar, se a operadora não ofertar o serviço”, enfatizou.

Sobre a predominância dos atendimentos em Clínica Médica, o executivo também acredita existir uma oportunidade ainda maior nas especialidades, em especial na Saúde suplementar e também de benchmarking entre os players do setor e com outros países.

“Estamos sedentos de fazer mais e contando com a participação de todos para conseguirmos isso”, ressaltou Weigert. 

Passo importante

Para Soares, a jornada está somente começando, mas sem dúvida foi dado um passo muito importante e a quantidade de novas oportunidades é incalculável. Ele reforçou que esse lançamento representa o preenchimento de lacuna importante no que diz respeito à transparência, inclusive evidenciando aspectos que podem ajudar a melhorar a eficiência operacional, proporcionar decisões mais assertivas e direcionar investimentos de recursos e pessoas. 

“Quantas vezes durante a pandemia de Covid-19 fomos indagados sobre o crescimento da Telemedicina e não tínhamos a resposta. Esse foi o primeiro grande impulsionador desta iniciativa. Não foi fácil chegar a esse ponto e ainda teremos que vencer barreiras de inconsistência, privacidade e coleta, trazendo segurança para essas informações. Mas não podemos negar que é um trabalho impactante e pioneiro”, destacou o vice-presidente da SDB.

Sobre os desafios, Pedrotti acrescentou que lidar com a uniformidade e a padronização é também complexo.

“Cada empresa tem uma forma de armazenar dados. Traduzir para um modelo padronizado, anonimizado, útil e que consiga de forma segura impedir de identificar de quem é o dado, segue sendo uma barreira. No entanto, no momento que começarmos a padronizar, a empresa terá ainda melhores insights, além da chance de ver como o mercado está atuando”, finalizou.

Confira os principais as fotos Global Summit APM 2023 AQUI.

Fotos: Marcos Mesquita Fotografia

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