Para especialistas, as soluções tecnológicas podem ajudar a mudar o cenário da doença no País
O câncer de mama é o que mais acomete mulheres em todo o mundo, inclusive no Brasil. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020, esta doença superou o câncer de pulmão como a neoplasia mais comumente diagnosticada em todo o mundo, representando 12% de todos os novos casos de câncer.
No País, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama foi o tipo de neoplasia mais comum entre as mulheres tanto em termos de incidência quanto de mortalidade. Foram estimados 73.610 casos novos da doença em 2023, com um risco estimado de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. Este tipo de neoplasia também ocupou a primeira posição em mortalidade por câncer entre as brasileiras, com taxa de mortalidade ajustada por idade, pela população mundial, em 2021, de 11,71/100 mil (18.139 óbitos). As maiores taxas de incidência e de mortalidade estão nas regiões Sul e Sudeste do Brasil.
“Esses números ressaltam a importância da conscientização sobre o câncer de mama, dos exames de rastreio e da pesquisa contínua para melhorar prevenção, detecção precoce e tratamento”, afirma o ginecologista e obstetra Eduardo Cordioli, head de Inovação da Docway e diretor técnico de Obstetrícia do Grupo Santa Joana.
O cenário ainda é desfavorável por uma série de fatores. Segundo o especialista, infelizmente o código genético para ter o câncer está em nossas células. A doença pode aparecer antes ou depois dependendo dos estímulos externos que recebemos, como cigarro, consumo excessivo de álcool e obesidade. Mas o principal fator de risco é a idade.
“Conforme avançamos na vida, a incidência de neoplasia vai aumentando. Também existe a questão de saúde ambiental, consumo de alimentos (proteínas de origem animal) com muitos hormônios e alimentos contaminados com muitos agrotóxicos”, esclarece.
Benefício da inovação
O diagnóstico precoce e preciso do câncer de mama é crucial para melhorar os prognósticos e as taxas de sobrevivência das pacientes. Atualmente, existem várias tecnologias e métodos avançados disponíveis para auxiliar nesse processo, como a mamografia, a ultrassonografia e a ultrassonografia 3D, a ressonância magnética mamária, a biópsia guiada por imagem, exames genéticos e moleculares, elastografia e PET Scan (tomografia por emissão de pósitrons). Há também ferramentas baseadas em inteligência artificial e aprendizado de máquina que estão sendo desenvolvidas e implementadas para melhorar a precisão e a eficiência da interpretação de imagens de mamografia e outros exames.
Além dessas inovações, o médico destaca que a Telemedicina e a Saúde Digital têm o potencial de melhorar significativamente o acesso e a qualidade da assistência na prevenção e no diagnóstico do câncer de mama, especialmente em sistemas de saúde pública como o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.
Rosemar Rahal, mastologista e diretora da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), concorda com Cordioli, lembrando que o Brasil é um País continental, heterogêneo e pobre.
“Todas as estratégias possíveis são bem-vindas desde que levem informações de qualidade e planejadas. Precisamos regionalizar nossas ações em Saúde, ter dados confiáveis e planejarmos respeitando essa regionalização”, explica.
As soluções tecnológicas podem ajudar a mudar o cenário da assistência às pacientes com câncer de mama. Utilizar os recursos da melhor maneira possível é o primeiro passo segundo a especialista. Daí a importância de se investir em educação a distância e até auxiliar na assistência à tecnologia para evitar deslocamentos desnecessários.
“Um bom exemplo é conectar profissionais em processo de educação continuada levando a informação dos grandes centros para locais de difícil acesso”, justifica a mastologista.
Transformação digital
A transformação digital da Saúde pode ajudar a obter diagnósticos mais precoces e melhor acompanhamento de pacientes com câncer de mama, além de aperfeiçoar potencialmente os resultados e a eficiência do sistema.
Para Cordioli, progressos significativos vêm acontecendo para que esses resultados sejam alcançados. Como, por exemplo, o plano do governo para uso da Saúde Digital, tanto ao nível federal como estadual, inclusive com avanço não só na Teleconsulta, mas, também, em áreas como inteligência artificial e uso inteligente de dados, com a Rede Nacional de Dados em Saúde, tanto no ambiente público como no privado.
“Porém, ainda há desafios a serem superados, como maior utilização de prontuários eletrônicos, qualificação dos dados e interoperabilidade. A combinação de investimentos, inovação e capacitação pode acelerar esse processo”, acredita o médico.
O Global Summit Telemedicine & Digital Health APM, por ser um dos eventos mais relevantes de Telemedicina e Saúde Digital na América Latina, na opinião de Cordioli, tem grande importância para o ecossistema da Saúde Digital por promover atualização e educação, fomentar a inovação, dar visibilidade às startups, proporcionar networking, colaboração e parcerias que impulsionam a inovação no setor.
“Em resumo, o GS APM é fundamental para fortalecer o ecossistema de Saúde Digital no Brasil, promovendo a troca de conhecimentos e a aceleração de inovações que beneficiam pacientes e profissionais da Saúde”, conclui.