Saúde Digital pode avançar se deixar de ser fragmentada

Sergio Mena Barreto destaca a relevância da transformação digital no setor farmacêutico para os cuidados de Saúde

A história do setor de Saúde é pautada nos últimos 100 anos por progressos extraordinários baseados em ciência, tecnologia, inovação e também na transformação digital.

Sergio Mena Barreto, CEO da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), diz que a tecnologia e a inovação, inclusive, são elementos fundamentais para a transformação do sistema de Saúde. Fato evidenciado pela pandemia de Covid-19, que mostrou a relevância da Telemedicina e da Telessaúde para a assistência à população e como o setor farmacêutico saltou de patamar.  

“Já vínhamos numa evolução crescente nos últimos 25 anos, por isso foi possível atender a população pelos canais digitais, os quais resultaram em um aumento de 600% nas vendas. Isso reforça a importância do setor, assim como a Telemedicina, para o acesso e a melhoria da assistência à Saúde da população”, explicou o executivo – que estará na 5ª edição do Global Summit Telemedicine & Digital Health APM, que a Associação Paulista de Medicina (APM) realizará de 20 a 22 de novembro, no Centro de Convenções Frei Caneca, na cidade de São Paulo.

Porém, na visão do especialistas, a Saúde Digital poderia estar ainda mais avançada no País se não fosse o modelo fragmentado, segregado e compartimentado do setor.

“O próprio sistema das empresas não tem priorizado a integração das informações e o compartilhamento de dados, o que tem feito o Brasil ficar um passo atrás em relação ao restante do mundo”, alerta.

Este cenário precisa mudar, segundo Barreto, pois ainda há mais de mil cidades, cerca de 20% dos municípios, onde não há um médico presente todos os dias da semana, e as pessoas necessitam se deslocar para ter atendimento.

“Ainda temos um problema sério de acesso à Saúde e as novas tecnologias é que podem ajudar a levar assistência especializada a essas populações”, garante.

Hub de resolutividade

Em sua participação no Global Summit APM 2023, Barreto vai estar no Painel Nacional Desafio da Saúde Digital, em que vai falar sobre a “Saúde Digital na Farmácia: Um Hub de Resolutividade”.

Ele destaca que a farmácia é um apêndice do sistema de Saúde, que vem se transformando ao longo dos anos. Durante a pandemia de Covid-19, ajudou a salvar vidas, realizando 22 milhões de testes rápidos, segundo a rede da Abrafarma.

“Talvez o desfecho da pandemia fosse diferente se as farmácias não tivessem se transformado, a partir da lei nº 3.021/2014, em estabelecimentos de Saúde. Nos últimos cinco anos, a rede farmacêutica do País ganhou impulso e pôde se tornar a porta de entrada do sistema de Saúde brasileiro. É sobre isso que vamos falar no GS APM 2023”, afirma.

O setor farmacêutico está avançando bem, com um modelo cada vez mais híbrido (presencial e digital) na interação comercial e na educação médica. Porém, para o executivo, ainda há o que melhorar, principalmente no que se refere à segurança das informações e ao foco no usuário.  

“No momento, são plataformas abertas que induzem a venda, ou a direcionam para determinados estabelecimentos, mas não deveria ser assim. A prescrição pertence ao usuário e deveria estar em um repositório público, com toda segurança possível. Quem deve decidir onde vai adquirir o seu medicamento é o usuário, e não esse negócio de pague e leve que estamos vendo. Sou um crítico sobre isso e acredito que deve ser um negócio ético e o usuário tem de estar no centro deste cuidado”, ressalta.

Por isso, de acordo com Barreto, o Global Summit APM é tão relevante, por ser a oportunidade de juntar ideias e debater sobre elas.

“Este evento da APM é fundamental para este tipo de discussão, para amadurecer o ecossistema da Saúde. Somos atrasados com relação a outros setores, mas são eventos como o GS APM que podem mudar o jogo e fazer a diferença para a evolução da Saúde, para a ampliação do acesso e para a melhoria do desfecho na vida das pessoas.”

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