Interoperabilidade melhora a experiência do usuário, aumenta a eficácia e diminui o custo do sistema de Saúde

Paulo Salomão, confirmado no Global Summit APM 2023, aponta que a integração das novas tecnologias pode ser a solução para os desafios do setor

A inovação tem um papel fundamental na evolução da Saúde, tanto do ponto de vista de atendimento quanto de informações. Segundo o relatório Future Health Index (FHI), divulgado em 2022, a respeito das tecnologias digitais em Saúde, 84% dos principais líderes do setor estão investindo em registros eletrônicos, sendo 61% focados em Telemedicina.

Paulo Lísias Salomão, doutorem Informática em Saúde, diretor do Instituto HL7 Brasil e CEO da DTO Sistemas em Saúde S/A, é palestrante confirmado na 5ª edição do Global Summit Telemedicine & Digital Health APM, que a Associação Paulista de Medicina (APM) realizará de 20 a 22 de novembro, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo. Ele refere que a estimativa mundial é de que apenas 20% de toda informação de Saúde gerada estão disponíveis para uso. Isso se deve a diferentes motivos, e um deles é o fato desses dados gerados não estarem em formato digital.

No entanto, por outro lado, boa parte dos equipamentos de exames médicos, sejam laboratoriais ou de imagens, já fornecem automaticamente seus resultados no formato digital.

“Soma-se a isso um aumento significativo no uso de prontuários eletrônicos. Assim, observa-se uma tendência, sem volta, para a Saúde Digital”, destaca Salomão.

Mas, para onde caminha a mercado de Saúde Digital no Brasil?

Particularmente no País, segundo o especialista, o período de pandemia de Covid-19 acelerou diversos processos que deveriam estar em vigor e que muitas instituições já adotavam como práticas de Saúde Digital, como a Telemedicina.

“Nos momentos de crise, quando havia restrição e, porque não dizer receio da proximidade, a Telemedicina se mostrou uma ferramenta altamente eficaz. Podemos dizer que há ajustes a serem feitos, mas ela veio para ficar”, garante Salomão.

Evolução

Novas tecnologias têm potencial para reduzir custos, ampliar acesso e melhorar serviços de Saúde, mas requerem atuação ágil e eficiente dos governos em termos de regulação e infraestrutura.

O CEO da DTO aponta que a Saúde Digital tem influenciado programas privados e governamentais de acesso à informação de Saúde, incluindo, democraticamente, toda a população.

“O fato de, por exemplo, podermos carregar no celular as informações sobre vacinas ou os resultados de exames realizados não só evitam locomoções desnecessárias até os centros de atendimento, como ajudam na adesão aos tratamentos propostos”, destaca.

Porém, talvez mais importante que a evolução tecnológica por trás da Saúde Digital e como ela beneficia o paciente e o sistema de Saúde na totalidade é o debate sobre como os profissionais e prestadores de serviços de Saúde estão vendo esse progresso e desenvolvimento e como eles pretendem abraçar essas tecnologias.

“Cabe ressaltar que o profissional de Saúde não é, e não precisa ser, um especialista em tecnologias digitais. Isso significa, na minha opinião, que se o uso dessas tecnologias não facilitar o dia a dia dessas pessoas, elas não vão utilizá-las”, alerta.

No caso específico da interoperabilidade, o especialista explica que é fácil compreender que quanto mais informações o médico tiver sobre um paciente, maior a chance de uma conduta adequada e um desfecho clínico melhor.

“Mas, se essas muitas informações não vierem de maneira compreensível e organizada, elas podem confundir o raciocínio clínico e levar o profissional a não mais utilizá-las”, ressalta.

Sustentabilidade

Quando o assunto é a sustentabilidade do setor, a interoperabilidade é apontada como a forma mais evidente e custo-efetiva para melhorar tanto a gestão quanto a assistência à Saúde.

O CEO da DTO aponta que o setor da Saúde no Brasil vive algumas dificuldades: falta de investimento (apenas 45% dos recursos advêm do setor público, que atende a maioria da população); gestão ineficiente; falta de profissionais capacitados e má distribuição deles. No meio desse turbilhão de desafios, a tecnologia pode ser uma grande aliada.

“A interoperabilidade das informações clínicas, junto a outras ferramentas da Tecnologia da Informação – como inteligência artificial, relatórios populacionais analíticos, entre outras –, pode proporcionar atendimentos com melhores desfechos clínicos, uma vez que reúne e analisa mais informações do mesmo paciente; diminuir custos, evitando exames duplicados; minimizar ações fraudulentas; e tornar a gestão desses atores e processos mais eficientes”, afirma Salomão.

Mas, na opinião do especialista, o setor de Saúde no Brasil está sobrecarregado de desafios e tem pouco tempo, ou dinheiro, para lidar com eles. O que ele propõe é enxergar a interoperabilidade e suas tecnologia agregadas como solução para esses dilemas.

“Por exemplo, existe uma dificuldade cultural no compartilhamento de informações clínicas. Mas, se a decisão passar pelo consentimento do titular desses dados (o próprio paciente), como preconiza a Lei Geral de Proteção de Dados, essa responsabilidade fica repartida e empodera o paciente”, explica o CEO, lembrando que ainda é possível agregar mais valor aos dados interoperados se aplicar mais tecnologias, que podem também validar as condutas adotadas com algum padrão ouro baseado em informações confiáveis.

“A interoperabilidade, se bem aplicada, melhora a experiência do usuário, aumenta a eficácia e a eficiência e diminui o custo do sistema de Saúde”, salienta.

Salomão ainda aponta que o Global Summit APM é uma excelente oportunidade para profissionais e gestores de Saúde conhecerem as tecnologias envolvidas na Saúde Digital.

“Eles precisam entender os obstáculos a serem vencidos e compartilhar experiências de sucesso após sua adoção”, finaliza o especialista.

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