Paula Calderon afirma que a inteligência artificial mudará a forma de atuação na Medicina, sem substituir os médicos
“As novas tecnologias, principalmente a Telemedicina, possibilitaram um acesso maior aos cuidados em Saúde. Não substitui o atendimento presencial quando necessário, obviamente, mas permite o atendimento, principalmente, por especialistas em áreas antes não alcançadas.”
A opinião é da médica Paula Fuscaldo Calderon, head de Inovação na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e diretora na Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS). Ela estará na 5ª edição do Global Summit Telemedicine & Digital Health APM, que a Associação Paulista de Medicina (APM) realizará de 20 a 22 de novembro, no Centro de Convenção Frei Caneca, na capital paulista.
A especialista aponta que o Telediagnóstico e o Telemonitoramento também são possibilidades que a inovação proporciona na melhoria da qualidade da assistência e dos serviços de Saúde prestados à população.
“Além disso, podem promover a redução de custos não só com deslocamentos desnecessários, como também dos gastos em Saúde, pois um paciente bem acompanhado e com qualidade de vida utiliza menos os serviços médicos, o que é bom para o paciente e para o setor”, afirma.
Inteligência artificial
O mesmo ocorre com a inteligência artificial (IA), que pode ser usada de várias formas na Medicina. Pode, por exemplo, auxiliar em tratamentos individualizados, como vem acontecendo na Medicina de Precisão, proporcionando tratamentos bem mais assertivos; nos exames de imagem, identificar aqueles que necessitam da avaliação de um especialista; e analisar os resultados de exames laboratoriais e ajudar a prever e identificar doenças como câncer, antes de o paciente desenvolver sintomas ou ter alterações laboratoriais, o que vai além da capacidade humana.
Por fim, por meio da análise de um grande volume de dados de Saúde populacional, aponta a médica, a IA pode encontrar tanto tendências que ajudam na prevenção de doenças como no gerenciamento de recursos e na tomada de decisões mais eficazes, auxiliando o paciente em sua jornada de cuidado na Saúde.
No Global Summit APM 2023, Paula vai participar do Painel Nacional Experiências de Chief Medical Information Officers (CMIOs), na manhã do dia 22 de novembro, quando vai falar sobre “Inteligência Artificial em Saúde: Explorando Fronteiras e Potencialidades para a Medicina”.
Ela adianta que abordará como a IA pode auxiliar o médico sendo uma ferramenta de apoio e suporte para a decisão clínica, principalmente na detecção de doenças e na predição de possíveis condições que seriam imperceptíveis à racionalidade humana.
“Possivelmente, a IA mudará a forma com que trabalhamos na Medicina, mas nunca substituirá o médico, pois nós somos seres humanos e não uma ciência exata. Temos dores e aflições, além de sinais e sintomas clínicos só percebidos em um exame médico que uma máquina seria incapaz de incorporar em seus algoritmos matemáticos”, explica.
Obstáculos
Apesar da quebra de paradigmas proporcionada pelas novas soluções tecnológicas e dos benefícios trazidos por elas, a especialista lamenta que a incorporação de tecnologia em Saúde ainda enfrenta inúmeros obstáculos. O primeiro deles é o financeiro, pois nem todas as instituições têm condições de adquirir as inovações que estão surgindo.
Outro entrave que precisa ser superado, segundo a médica, são as questões culturais que passam por mudanças na forma de pensar e agir dos colaboradores do setor.
“As pessoas, na grande maioria, não gostam de mudanças, principalmente as que alteram sua rotina de trabalho. Por isso, tendem a ser resistentes”, comenta.
Mas, o principal desafio das unidades de Saúde, tanto públicas quanto privadas, para a médica, é saber realizar uma boa gestão da mudança.
“Somente assim uma implementação tecnológica será bem-sucedida, caso contrário, as tecnologias podem ser mal implementadas, ou subutilizadas, com riscos de perdas financeiras”, alerta.
Ela ainda ressalta a importância da interoperabilidade técnica, sintática e semântica para que a transformação digital de fato ocorra no setor. Isso porque, desde que respeitada a Lei Geral de Proteção de Dados, a comunicação entre as instituições proporcionaria um avanço brutal em termos de otimização de processos, redução de custos e de desperdícios na Saúde.
Para que todas essas mudanças, de fato, aconteçam no setor, Paula afirma ser crucial o papel do Global Summit APM na promoção e no desenvolvimento da Telemedicina e da Saúde Digital.
“O evento proporciona o compartilhamento de conhecimento e a troca de experiências, contribuindo para o avanço da Saúde Digital no Brasil”, finaliza.
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