Especialista alemão aborda as oportunidades que a Saúde Digital traz

Durante lançamento da 5ª edição do Global Summit Telemedicine & Digital Health APM, Andreas Keck compartilhou toda a sua experiência com consultoria e no desenvolvimento de soluções em grandes empresas em todo o mundo e apontou os pontos a serem observados quando o assunto é alavancar o desenvolvimento de estratégias e produtos de Saúde Digital

O médico cardiologista, cientista e empreendedor alemão Andreas Keck, especialista em tecnologias e inovação em Saúde, esteve no Brasil na semana passada participando do lançamento da 5ª edição do Global Summit Telemedicine & Digital Health APM. O evento, realizado pela Associação Paulista de Medicina (APM), acontecerá este ano de 20 a 22 de novembro, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo, com o tema central “Saúde digital para todos”.

Keck é consultor de negócios internacionais para grandes organizações voltadas à Saúde e pesquisador de tecnologias digitais inovadoras que estão sendo usadas globalmente, além de ter fundado várias empresas. Após atuar como cardiologista intervencionista, ingressou no Boston Consulting Group e tornou-se sócio do SYTE (Strategy Institute for Digital Health) – instituição global de Saúde Digital que apoia companhias farmacêuticas, de tecnologia médica e de seguros na definição de estratégias de Saúde Digital.

Atualmente, está envolvido na pesquisa e na construção de companhias com base em algoritmos avançados de inteligência artificial, trabalhando com conjuntos de informações exclusivas, incluindo dados genéticos, clínicos, laboratoriais e eletrofisiológicos. E foi exatamente um panorama de tudo isso que o executivo trouxe em sua explanação, que teve como tema central “Navigating Healthcare systems: How Digital Health is Transforming Patient Care and Business Models” (“Navegando nos sistemas de saúde: como a saúde digital está transformando o atendimento ao paciente e os modelos de negócios”).

A necessidade de entender o perfil dos profissionais médicos, seus anseios e a relação com a adoção da tecnologia é, segundo ele, um ponto de partida  quando o assunto é Saúde Digital. As diferenças de entendimento e a percepção de valor variam de acordo com cada uma das “personas”.  Existem hoje cinco diferentes personas dentro desse público: gerentes, desenvolvedores de negócios, cientistas, céticos e entusiastas.

“Por exemplo, podemos dizer que apenas os entusiastas estão abertos a testar o potencial completo da Saúde Digital. Afinal, trata-se de pessoas que têm como meta principal usar tecnologias disruptivas sempre que possível, são fascinados pelas novas ofertas tecnológicas e curiosos em saber como elas podem ser úteis. Ou seja, adotam todas as funcionalidades que parecem ter um impacto positivo no trabalho e na abordagem médica. Já os céticos adotam apenas as tecnologias que os ajudam a estarem conformes com a lei”, explica.

O atual momento da Saúde Digital em todo o mundo foi também um ponto observado. A Europa é hoje a região com os maiores investimentos ativos quando o assunto são terapias digitais (DTx). Um mercado que pode alcançar um volume de 4 bilhões de dólares até 2030. O aumento dos custos da Saúde, tendo como principal impulsionador o custo com a adoção de tratamento eficazes, emerge como um dos motivadores desse cenário, assim como a prevalência de doenças crônicas.

Salienta que o momento é propício para a Saúde Digital em todo o mundo, em especial no que diz respeito à adesão à medicação, sendo de extrema importância não só atender às expectativas e melhorar a experiência dos pacientes, como atender às suas necessidades em constante evolução.

“São diversas as peças do quebra-cabeça e existem novas perspectivas de adesão por meio da Saúde Digital. Os pacientes estão cada vez mais utilizando tecnologias que os apoiam na gestão de sua Saúde, e como consumidores, esperam serviços mais holísticos, desenvolvidos de acordo com suas necessidades. Tem também a mudança de um cuidado centrado no tratamento para um cuidado centrado no paciente. Ao mesmo tempo, espera-se uma redução da hospitalização e aumento de receitas. Tudo isso em um cenário com novas abordagens tecnológicas, como mHealth e IoT, e busca por personalização e incentivo ao tratamento”, explica.

Keck acrescenta que, em paralelo, aumentar a adesão e o uso adequado dos medicamentos pode ajudar a reduzir a pressão no setor de Saúde e gerar novas receitas por meio dos apps de prescrição.

Também foram detalhadas outras tecnologias que podem ajudar nesse processo. É o caso dos assistentes digitais e sistemas de suporte à decisão clínica. Além da inteligência artificial e do uso de algoritmos para solucionar diferentes desafios e analisar dados de prontuários eletrônicos, com destaque para a necessidade de combinar os insights da inteligência artificial (IA) com o profundo conhecimento dos profissionais médicos. 

“Por alavancarem o grande volume de dados armazenados nos prontuários eletrônicos, as soluções de IA aumentam a eficiência e a efetividade da entrega de Saúde. Isso pode ser usado para modelos preditivos dos resultados dos pacientes, como chances de readmissão ou desenvolvimento de condições específicas, tomada de decisão clínica, seja no diagnóstico ou tratamento ou na estratificação de risco de desenvolvimento de certas condições médicas, permitindo intervenções antecipadas”, complementa.

Do ponto de vista de negócios, é preciso que as empresas considerem o amplo impacto que a IA e outras tecnologias provocam na condução de suas estratégias. Isso inclui parcerias entre provedores da Saúde Digital, startups, a indústria, hospitais e clínicas. Segundo ele, entender o fluxo de receita entre todos os parceiros e stakeholders é o segredo do processo para tornar-se um líder em Saúde Digital.

Para isso, é preciso considerar um olhar amplo sobre novas tecnologias e tendências, do próprio mercado e dos concorrentes, além de ter processos claros, recursos disponíveis e um pipeline de inovação que considere os impactos econômicos. Além da inovação, ser competitivo e ter a habilidade de desenvolver e implementar rapidamente soluções superiores às de seus concorrentes é crucial, assim como conhecer suas vantagens e desvantagens com relação a ele.

“É preciso um produto competitivo e inovador para chegar ao mercado antes dos seus concorrentes. E um ponto de atenção é que a regulação de software médico pode ser lenta. Desta forma, considerar uma abordagem de plataforma ajuda a acelerar o desenvolvimento do produto, assim como investir em aquisições e parcerias com outras empresas”, finaliza.

Fotos: Marina Bustos

Sobre o Global Summit Telemedicine & Digital Health APM

Maior e mais relevante encontro sobre Telemedicina e Saúde Digital da América Latina, com três dias de duração, o Global Summit APM, uma iniciativa da Associação Paulista de Medicina (APM), reúne especialistas internacionais e nacionais para debater as tendências que estão transformando o mundo da Saúde. A programação, focada em conteúdo, experiências e negócios, inclui temas em Telemedicina e Saúde Digital de interesse para médicos, profissionais, instituições e entidades de Saúde, indústria, academia e governo, entre outros.

Sobre a Associação Paulista de Medicina

Representante dos médicos desde 1930, a Associação Paulista de Medicina está presente em todo o estado de São Paulo por meio de suas 76 Regionais. Além de contribuir com a elaboração das políticas de Saúde e qualificação da assistência médica, a APM luta para valorizar o médico nos sistemas público e privado de saúde. Promove diversas atividades de educação médica continuada, como eventos científicos e o Instituto de Ensino Superior da APM (IESAPM), e oferece serviços e benefícios aos associados e sociedade, incluindo o Residencial APM e o Hotel Fazenda APM.

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